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Saúde Mental em 2021: Como implementar ações efetivas em uma empresa?

07.05.2021
Saúde Mental em 2021: Como implementar ações efetivas em uma empresa?

Por Gustavo Quintão 

 

A pandemia de Covid-19 contribuiu para intensificar problemas psíquicos e emocionais vivenciados pelos brasileiros. No mundo corporativo esta realidade é visível e chama a atenção dos gestores. Assuntos como alta produtividade, eficiência e boa performance subiram na balança junto com outros temas delicados como saúde mental, depressão e ansiedade. Paralelo a isso, uma pesquisa realizada pela Isma-BR, representante da International Stress Management Association no Brasil, constatou que somente 18% das empresas mantêm um programa para cuidar da saúde mental.  

 

O estudo também mostrou que nove em cada dez brasileiros apresentam sinais de ansiedade no mercado de trabalho e aponta que os transtornos mentais e emocionais são a segunda maior causa de afastamento das atividades corporativas. Além disso, segundo estimativas do Fórum Econômico Mundial, os gastos relacionados a transtornos emocionais e psicológicos poderão chegar a 6 trilhões de dólares nos próximos 9 anos. 

 

Atualmente, o Brasil apresenta a maior prevalência de depressão da América Latina e é o mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante deste contexto de muitas incertezas trazidas pelo novo coronavírus, a informação e o diálogo se tornam ainda mais relevantes no que diz respeito à saúde mentalMas como as empresas podem tentar combater adoecimento emocional e quais ações podem ser efetivas a médio e longo prazo?  

 

A quantidade de empresas que já implantaram programas de mindfulnessyoga, assistência psicológica e social cresce a cada dia, mas poucos têm uma visão mais ampla de como atuar neste sentido de maneira efetiva. O mundo corporativo oferece inúmeros benefícios e uma estrutura aparentemente qualificada para o desenvolvimento dos funcionários, mas cobra alta performance todos os dias a ponto de atrapalhar a vida pessoal dos colaboradores, logo, existe um gap importante a ser trabalhado. Vale destacar, por exemplo, que não basta a organização oferecer terapia e aula de yoga se, em contrapartida, os gestores cometem assédio moral. É preciso que haja uma consciência maior em relação ao respeito a todos os integrantes de um time empresarial e uma das saídas é o diálogo, mesmo que seja por meio de comunicação eletrônicapalestras online, mentorias ou outros canais e formatos. 

 

O ano de 2021 vem sendo oportuno para analisarmos a saúde mental dentro das empresas como uma forma de criar um consenso coletivo sobre a importância de identificar pontos a serem transformados. Mas enquanto a companhia ainda não implementa novas ações, ela pode apostar na manutenção da comunicação e do engajamento entre o RH e os colaboradores e reforçar benefícios já oferecidos dos quais, muitas vezes, esses funcionários não têm conhecimento.  

 

Também é importante trabalhar diretamente no mapeamento de como o profissional se sente dentro de uma empresa, e o que pode ser mudado, adaptado ou sugerido para gerar uma mudança positiva em relação à saúde mental. Já existem organizações que contratam profissionais que trabalham diretamente neste ponto, mapeando possíveis queixas e buscando soluções possíveis, para trilhar um novo caminho, trazendo novos resultados em relação a performance das equipes. 

 

Nós sabemos que pandemia nos trouxe uma série de desafios, afinal, o teletrabalho invadiu as casas e as famílias e, ao mesmo tempo, a cobrança pela alta performance e produtividade nunca esteve tão em alta. Com isso, é preciso estabelecer condições de trabalho flexíveis, aliadas ao respeito e empatia para com cada colaborador. Parâmetros de trabalho humanizados, sistema de monitoramento de saúde dos funcionários e mudança na cultura vão possibilitar novas transformações.  

 

É preciso entender como o profissional se sente e o que pode ser mudado e assim criar uma cultura em volta do tema saúde mental. Masacima de tudo, é preciso começar a trabalhar a consciência sobre o tema, mesmo que seja por meio de pequenas iniciativas como, por exemplo, uma palestra mensal de 45 minutos sobre o assunto, um canal de comunicação entre o RH e os colaboradores, ou até mesmo um formulário online para coleta de sugestões e melhorias. Essas são algumas formas de agir por novos caminhos e tendências capazes de impactar diretamente na vida de cada um. Dessa forma, é possível iniciar uma nova fase marcada pela priorização do bem-estar e da humanidade em meio ao trabalho. 

 

 

Gustavo Quintão é Vice-presidente de Saúde e Benefícios da MDS Brasil